

Este é mais um daqueles livros que nos obriga a refletir ao mesmo tempo que nos mantem em suspenso sobre o final.
Fala-nos sobre a importância da Beleza, do culto da juventude e da busca da imortalidade, mas não só.
Na verdade, questiona-nos sobre o que na realidade nos torna “velhos”. Não só no sentido literal da palavra (passagem do tempo) mas sobretudo do envelhecimento da alma.
“O segredo de permanecermos jovens é nunca nos deixarmos possuir por alguma emoção que nos faça mal”.
Esta é uma das minhas frases de eleição.
Posso dizer que há anos atrás era muito mais velha do que sou hoje!
Dorian é um jovem belíssimo, requintado e de educação esmerada, que um dia serve de modelo para um quadro de um amigo pintor, que nutre por ele uma verdadeira admiração.
Mas este não é um quadro qualquer e Dorian, ao ver-se tão sublimemente retratado, quer eternizar a sua beleza, pelo que faz um pedido/desejo especial que se vai tornar real.
O que nos remete também para o cuidado a ter quanto aos nossos desejos, não vão eles tornarem-se reais, pois, se acontecesse na realidade, estaríamos dispostos a arcar com todas as consequências?
Cuidado com o que desejas, que pode tornar-se real, é um velho adágio que encerra em si mesmo uma grande verdade.
O que aconteceria se víssemos retratados não só o nosso exterior, mas principalmente o nosso interior?
Gostaríamos do que veríamos?
(Marta Monteiro Alves)
Autor:
Oscar Wilde