Ando há uns tempos para escrever a minha opinião sobre este livro.

Fui procrastinando e procrastinando… e nunca mais arranjava tempo para o fazer, até que percebi que era eu mesma que me estava a sabotar, arranjando desculpas e mais desculpas para mim mesma! Estava a autobloquear-me, e o que começou por satisfação pessoal e gosto genuíno de partilha estava a transformar-se num peso, num chicote com que me autoflagelava.

Não sendo formada em letras, não tendo pretensões de ser critica literária, nem nada que se pareça, percebi que me estava a autolimitar por isso mesmo, por “receio” de não estar à altura, por medo da critica e do julgamento.

Mas isso acabou, e hoje decidi retomar as minhas opiniões sobre livros que li, com o espírito e a motivação com que as iniciei, e que me levaram a partilhá-las convosco.

Sou uma pessoa comum que gosta de ler e escrever. Gosto de livros, e sinto prazer em divulgar o gosto pela leitura e pela troca de opiniões sobre os mesmos, de leitor para leitor.

Não pretendo nada mais do que isso, sei bem as minhas limitações, mas também sei que cada um de nós deve fazer o que lhe dita o coração e o que o faz feliz.

Cada um de nós deve seguir os seus sonhos, sem medo do julgamento dos outros. Cada um de nós deve libertar-se de crenças e preconceitos, começando pelas que tem sobre si mesmo!

Essa é a minha verdade. Isso foi o que aprendi na vida e disso darei o meu testemunho.

Não deixes que ninguém te limite. Nem tu mesmo.

Por isso, aqui vai.

“O Estrangeiro”, de Albert Camus, pertence ao lote dos meus livros preferidos. Confesso que quando o li, no início, ele me causou alguma estranheza e até um ligeiro desconforto, pois é um livro um pouco desconcertante pelas questões que nos impele a refletir.

O livro narra-nos a história de Meursault, um colono francês na Argélia, e está divido em duas partes. Na primeira o autor apresenta-nos a personagem e a sua vida quotidiana e na segunda (não querendo ser spoiler) tudo se passa ao redor de um julgamento.

É um livro de leitura rápida e fácil, no sentido em que está escrito de forma simples e direta. Quase que de uma forma prática, sem rodeios ou floreados, quase que à imagem do próprio Meursault.

Posso dizer que me apaixonei por esta personagem, por este homem, “estrangeiro” no mundo dos homens, no mundo/sistema que os homens criaram. Porque não age como é suposto, porque não faz o que é suposto, porque apenas é.

Este homem, que parece que paira sobre os acontecimentos da sua existência, é muitas vezes cada um de nós.

Quem nunca se sentiu deslocado, à margem, que não se encaixa neste mundo em que é suposto todos agirmos segundo cânones pré-estabelecidos?

Quem nunca sentiu quase como que um espectador da sua própria vida perante o desenrolar dos acontecimentos, que nos vão “acontecendo”?

Quem nunca sentiu, pelo menos uma vez no decurso da sua vida, que a existência é um absurdo?
Eu já.

Por isso mesmo me lancei na busca do sentido da mesma.

Meursault é uma das personagens mais fascinantes com que eu já me deparei e, verdadeiramente, colocou-me perante um misto de sentimentos.

Por um lado, a ausência de qualquer tipo de julgamento perante tudo o que acontece, encarando o que é apenas como é, dá-lhe um ar quase místico, no sentido em que não se deixa dominar ou envolver pelas emoções (e analisar tudo com distanciamento parece-me quase como a verdadeira “missão” da nossa mente), por outro lado, imaginar um mundo onde as emoções não estão presentes, o que é algo assustador.

Verdadeiramente fascinante, este foi o livro que me deu a conhecer Camus, que me abriu as portas ao seu mundo e a ele fiquei rendida.

Sem dúvida um dos livros da minha vida.

(Marta Monteiro Alves)

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