Felicidade na Infelicidade
“Reconhecer as causas da nossa infelicidade é o primeiro, mas não o único, passo …“
Marta Monteiro Alves
9/26/2024
Hoje trago-vos uma frase de um dos maiores escritores de sempre, e profundo conhecedor da complexidade da condição humana e da sua busca pela felicidade. Se há algo comum a todos nós é precisamente essa busca pela felicidade. Já o que nos torna a cada um de nós feliz não é necessariamente igual para outro, assim como o que nos traz infelicidade.
Pelo que não há uma fórmula mágica para a felicidade. Ela depende de cada um e das suas circunstâncias.
Mas é fundamental percebermos as raízes da nossa infelicidade, pois a sua perceção liberta-nos, desde logo, da angústia da incerteza e da sensação de estarmos à deriva.
O conhecimento de nós mesmos atua, assim, como uma espécie de antidoto para o sofrimento causado pela sensação de vazio e incompreensão, e é também o primeiro passo para superá-lo, pois a consciência é sempre o ponto de partida para qualquer mudança.


Reconhecer as causas da nossa infelicidade é o primeiro, mas não o único, passo para a combater. Depois é necessário agir no sentido de nos libertarmos das prisões que nos impedem de sermos felizes e caminharmos para a mudança.
Esta consciência dá-nos também um certo empoderamento, pois dá-nos a possibilidade de assumirmos o controle sobre a nossa vida e nossas emoções. Nesse sentido, passamos de espectadores passivos da nossa própria vida para atores, em que assumimos as rédeas do nosso papel e coescrevemos a nossa história.
Mas o que é a felicidade?
Como descobrir as causas do nosso sofrimento emocional?
Só mergulhando fundo dentro de nós mesmos poderemos responder com verdade.
Pode haver felicidade na “infelicidade”?
A felicidade, quanto a mim, não está necessariamente ligada à ausência de sofrimento, mas sim à compreensão e aceitação dos motivos desse sofrimento.
É como se a dor, quando compreendida e aceite, perdesse um pouco do seu poder sobre nós.
É por isso que muitas pessoas parecem ter uma resistência à “infelicidade” muito maior que outras. Na verdade, não têm uma maior resistência, têm é uma maior compreensão e/ou capacidade de aceitação. Quanto maior a capacidade de compreensão e aceitação menor o seu poder sobre nós.
Muitas vezes a infelicidade é até agravada pela negação ou dificuldade em admitir que algo não está bem. A consciência da mesma, rompe com essa barreira e dá-lhe luz, tira-a da escuridão e, ao fazê-lo, retira-lhe um pouco do seu poder.
Parece paradoxal, mas há pessoas felizes que carregam consigo grandes dores.
A felicidade não é um destino a ser alcançado, mas uma jornada a ser percorrida. Ao enfrentarmos as nossas dificuldades e limitações e procurarmos compreender as razões por trás delas, estamos, paradoxalmente, mais próximos da felicidade, mais próximos de um estado de paz e equilíbrio interior.
A felicidade não é o destino da viagem, é a capacidade de sermos felizes na viagem. Ninguém tem uma jornada livre de sofrimentos e perdas. Isso pura e simplesmente não existe, pois somos humanos e não máquinas.
A felicidade é também a coleção de momentos, de memórias, que guardamos dentro de nós que nos dão alento e aconchego interior para enfrentar os dias menos bons.
O segredo para a felicidade está em aumentarmos o número de momentos em que nos sentimos bem, e diminuirmos os que nos sentimos menos bem. O que implica destrinçá-los uns dos outros.
A felicidade não é um ponto a alcançar no horizonte, não é um estado estático. Se estamos à espera disso, vamos perceber que esse ponto pura e simplesmente não existe, pois não está fora, mas sim dentro de nós.
A felicidade é um processo de autoconhecimento e crescimento que nos permite, não só direcionar os nossos esforços para alcançarmos um estado de bem-estar mais duradouro, mas também, sentirmo-nos no processo, cada vez mais em paz connosco, apesar de…
O conhecimento é sempre libertador.
O autoconhecimento é a libertação do Eu da sua prisão, é o despertar da consciência.
[Marta Monteiro Alves - 26/09/2024]