Amor e Ódio
"Amor e Ódio. Ódio e Amor. O Outro em Nós. Ambas as emoções …"
Marta Monteiro Alves
1/22/2024
Amor e Ódio. Ódio e Amor. O Outro em Nós.
Ambas as emoções traduzem a influência duradoura e profunda que uma pessoa pode ter na nossa vida, pois, tanto o amor como o ódio, podem ser um impacto significativo da presença do Outro em nós.
Normalmente tendemos a pensar e a reconhecer que se amamos alguém (mesmo que não seja recíproco) isso vai influenciar a nossa vida.
Repercute-se no nosso estado emocional.
Sim, são visíveis as marcas profundas que o amor deixa em nós, facilmente qualquer um de nós reconhece e aceita tal, como algo bem real.


No entanto, muitas vezes, não nos apercebemos que quando odiamos alguém, isso, por si só, também transborda em nós e é destrutivo.
Podemos não ver a pessoa, podemos não mais privar com ela.
Podemos até cortar todo e qualquer tipo de relação com ela.
Enquanto guardamos o sentimento de ódio dentro de nós, ela, na verdade, permanece em nós. Ainda não foi embora, pois nós continuamos emocionalmente ligados, mesmo que seja de forma inconsciente. E é o inconsciente que verdadeiramente nos move.
É ele, lá escondidinho, que nos sabota, dói, faz sofrer ou, pelo contrário, nos move para a frente e nos impulsiona.
É lá que reside a motivação, a força de vontade, e os nossos valores e crenças mais profundos.
É ele que temos que “curar”.
O reconhecimento e a aceitação da intensidade das emoções em nós, sejam elas positivas ou negativas, contribuem para a influência duradoura que o Outro possa ter na nossa vida.
O Outro continuará em nós independentemente do tipo de sentimento, isto é, continuará a ser lembrado, seja de forma positiva ou negativa, o que traduz o poder persistente que o Outro exerce sobre nós.
Se odiamos alguém há uma espécie de vitória ou triunfo por parte do Outro, pois, sendo odiado continua vivo em nós.
Precisamos “matá-lo”, para nos libertar.
Precisamos “matá-lo”, para que ele deixe de ter poder sobre nós,
E assim, deixá-lo ir… cortar o vínculo invisível que nos liga.
Como?
Quanto a mim, a resposta é o Perdão.
Perdoar o Outro,
mas, principalmente, perdoarmo-nos a nós por “termos permitido” que tal acontecesse.
Isso muitas vezes é o mais difícil.
Muitas vezes o que impede o perdão ao Outro, o que não cala a nossa dor e raiva, é o nosso inconsciente que nos grita “tu também tiveste a tua parte de culpa”, mesmo que não tenhamos nenhuma!!!
Mas as inseguranças, as feridas, os valores que nos foram passados, ou seja lá o que for, martelam-nos, sem muitas vezes apercebermo-nos que tu também deves ter feito “algo de mal”, quanto mais não seja o teres permitido pores-te em dada situação.
Por isso custa perdoar.
Porque implica perdoarmo-nos.
Mudar no nosso inconsciente aquela situação.
Mas se perdoar começa por compreender e aceitar dada situação,
e passa depois por tornar consciente o que estava inconsciente,
é, em última análise, uma decisão.
Decisão consciente, alinhada com o inconsciente (que não mais nos sabota) de deixar ir… e assim, finalmente, tiramos o poder ao outro, pois ele deixa de morar em nós.
Perdoar não significa esquecer.
Perdoar é recordar sem dor.
Enquanto o outro provocar uma emoção em nós,
O outro vive em nós.
Quanto maior a intensidade da emoção,
Mais presente ele está em nós.
[Marta Monteiro Alves - 22/01/2024]