Sobre o Amor

"Temos mais medo de brilhar do que das nossas próprias sombras. Mal ou bem, …"

Marta Monteiro Alves

5/5/2023

Temos mais medo de brilhar do que das nossas próprias sombras. Mal ou bem, aprendemos ou somos ensinados que toda a gente tem sombras.

Já o brilho… somos ensinados a ofuscá-lo, a escondê-lo.

Temos medo de ir para o “palco”. Mas não é o medo da critica, do julgamento, da validação. O medo de falhar, que verdadeiramente assusta (isso são sombras), é mesmo o medo de brilhar.

E quando a gente não brilha apaga a nossa própria luz. Murcha. Por isso não conseguimos ir em frente. O êxito (seja em que campo for) não dá só trabalho, dá medo. E só quem não tem medo de brilhar o alcança.

E donde vem este medo de brilhar?

Temos de aprender a amarmo-nos e aceitarmo-nos tal qual somos. Amarmo-nos é fundamental para assumirmos o nosso brilho. Assumirmos os nossos defeitos e vulnerabilidades e mesmo assim amarmo-nos! Assumindo, da mesma forma, as nossas qualidades, mas dando a umas e a outras o mesmo peso, o mesmo tratamento, o mesmo valor.

Isso é Amor! Amando-nos a nós estamos prontos para receber o outro, para Amar o outro.

Porque é que temos tanto medo de Amar, do Amor?

Porque temos medo que acabe.

Porque não sabemos lidar com a perda, com a frustração, com a desilusão.

Mas isso quer dizer então… que também não nos queremos Amar. Também temos medo que esse Amor acabe. Isso lembra-nos que somos mortais. Isso remete-nos para a nossa condição humana, para o nosso próprio fim.

Só quando o aceitamos em nós é que o aceitamos no outro. Na vida. Nas relações. A finitude é uma constante da vida. Faz parte. Não há como fugir.

Quando alguém tem uma desilusão amorosa diz, muitas vezes, que acabou, que já não quer Amar mais.

Isso quer dizer que, então, não se vai Amar mais.

Há muitas formas de Amor. Uma vida sem Amor é uma vida sem sentido.

O Amor não é sofrimento. A maneira como o encaramos é que pode ser sofrimento.

O problema não está no Amor. O problema está em nós sermos egóicos.

Sofrimento é não aceitar a frustração, é ter muitas expectativas, é querer que as coisas sejam "como eu quero".

Se eu percebo que o Outro é apenas o Outro, que só depende dele, não de mim, tudo fica claro.

O problema são as expectativas e ilusões que nós próprios criamos.

Quando deixamos de precisar de aceitação, de validação… isso é liberdade.

Quando percebemos que solidão não é solitude.

Quando deixamos de precisar de bengalas.

Amarmo-nos assusta.

Amarmo-nos tem consequências.

Temos consciência de nós e aceitamo-nos, amamo-nos como somos e estamos prontos a amar e aceitar o outro.

Liberdade assusta.

Liberdade traz consigo responsabilidade. Consequência e compromisso connosco mesmo.

É assumir a condução da nossa própria vida.

É o preço a pagar por uma vida com significado.

É descobrir o significado da vida para nós.

É ver a vida como algo incrível, que acontece todos os dias.

É ver a vida como um milagre, e vivê-la como tal.

É aceitá-la, sabendo que não a controlamos.

É aceitar a sua finitude.

E, mesmo assim,

Amar a vida.

Amarmo-nos.

É dizer: Eu estou aqui.

E vejo-me.

E aceito-me.

E Brilho.

Não roubo, não ofusco o brilho de ninguém.

Estou pronta para aceitar o outro. Ver o outro. Aceitar o seu brilho.

E aceito a Vida na sua plenitude.

Quando aceitamos que não controlamos a vida e, mesmo assim, a amamos com todas as suas facetas boas e más

Estamos prontos.

Estamos livres.

Amarmo-nos, essa é a verdadeira libertação.

A verdadeira consciência.

Temos de nos desapegar do ego.

A base para o Amor é amarmo-nos em primeiro lugar. Aprendendo a ter compaixão connosco, aprendemos a ter compaixão com os outros.

A importância da autoestima e do autocuidado são fundamentais para eu me Amar.

Não será por acaso que quando uma pessoa está deprimida, um dos sinais seja precisamente negligenciar as rotinas mais básicas do seu autocuidado.

É quando não aceita a vida,

É quando não se aceita.

E não aceita o outro.

Pois quando aceitamos a vida, quando nos aceitamos, estamos prontos para aceitar e Amar os outros.

E cumprir:

Amar os outros como a nós mesmos.

[Marta Monteiro Alves - 05/05/2023]

Deixe aqui a sua opinião sobre este artigo. Ela é muito importante para mim.

(Se preferir, faça-o de forma anónima)

1- Ao submeter este formulário preenchido, declara que dá o seu acordo à nossa "Política de Privacidade", e autoriza que a sua opinião possa vir a ser aqui publicada.
2- O seu E-mail nunca será revelado.